
A Riqueza da Diversidade Humana
Diversidade Humana
Nós, seres humanos, somos biologicamente e culturalmente muito distintos, sendo a interação entre fatores internos e externos um elemento que contribui para a nossa diversidade. As nossas diferenças são encontradas a vários níveis:
- ao nível do indivíduo: quando nos comparamos com outra pessoa;
- ao nível do grupo: quando a comparação que está em questão acontece entre duas ou mais pessoas;
- ao nível das comunidades: quando a comparação já é alargada a duas ou mais comunidades.
Estarmos dispostos a aprender mais sobre as outras culturas e enriquecermos a nossa forma de pensar com as nossas diferenças é essencial para que nos possamos transformar positivamente, e é uma parte crucial do ser humano.
É na diferença e na diversidade que reside a riqueza do ser humano
Práticas peculiares de diversas culturas
Por mais que nós como seres humanos estejamos habituados a lidar com diversas culturas e diversas práticas diferentes, mesmo assim existem algumas que vão contra aquilo que nós pensamos e que podem até infringir direitos como o direito à vida. Quatro exemplos de práticas diferentes são: o Chaupadi (Nepal), Lapidação (Irão), Rumspringa (Amish) e Sati (Índia). Neste trabalho, vou abordar a prática do Chaupadi.


Chaupadi
O Chaupadi é uma tradição social praticada na parte ocidental do Nepal para com as mulheres hindus. Esta tradição proíbe a mulher de participar das suas práticas normais do dia a dia como também de interagir normalmente com a sua família durante a sua menstruação porque esta é considerada impura. Estas mulheres são mantidas fora de casa num abrigo comum ao dos animais durante 4-7 dias. Quando a mulher tem a menarca (primeira menstruação) ou quando dá à luz uma criança, fica exilada de convívio de 10-11 dias.
Durante estes dias, as mulheres são proibidas de tocar em homens ou até mesmo de entrar em casa. Elas também não podem ingerir certos alimentos como leite, iogurte, carne, manteiga e etc., porque se acredita que esta pode estragar estes bens. Elas apenas podem comer alimentos secos, como por exemplo arroz. Também não podem usar cobertores quentes e muito menos comparecer à escola e realizar as suas funções diárias (ex: tomar banho), e são forçadas a permanecer no abrigo correndo risco de desnutrição, hipotermia e até mesmo morte.
Esta tradição tem por base a superstição da impureza da mulher durante a menstruação. Seguindo esta lógica supersticiosa, tudo aquilo em que esta mulher tocar morrerá (ex: se tocar em um homem, este fica doente; se tocar numa árvore, esta nunca mais dará frutos).
Esta prática foi banida no Nepal em 2005 mas ainda existem relatos de que a tradição continua sendo realizada.

Chaupadi - Correto ou errado?
Depois de vos ter apresentado esta tradição surge uma grande pergunta - Será ou não correta a prática desta tradição? - Cada um tem a sua opinião, mas acho que é unânime a todos os leitores desta página que esta prática é completamente desumana e errada. Vou dividir a minha opinião por tópicos:
- Base da prática
- Machismo
- Banimento (ou não) da tradição
1. Base da prática
A própria base desta tradição tem princípios horríveis e desumanos para todas as mulheres hindus vítimas deste processo. O período nunca deveria ser visto como algo nojento, como algo impuro, muito pelo contrário, a primeira menstruação marca o início da vida adulta de uma mulher e devia ser encarado como o processo poderoso que é. É inacreditável e triste saber que existem mulheres algures no Nepal que ainda são obrigadas a passar por situações insalubres como estas.
2. Machismo
Esta tradição tem um cariz muito machista. A mulher, nestes países de terceiro mundo, é sempre vista a baixo do homem, por mais que seja ela que cuide da casa. O homem coloca a mulher nestas condições por nojo dela, ele acredita que ela o vá fazer doente se lhe tocar. Na minha opinião, esta tradição é mais uma razão para que os homens possam por livre e espontânea vontade demonstrar o seu inexplicável ódio pelo sexo feminino, e assim fazer várias mulheres sofrerem sem razão aparente.
3. Banimento (ou não) da tradição
Esta tradição foi, supostamente, banida em 2005, mas ser banida não foi suficiente para parar por completo. Pelo que eu consegui encontrar, isto apenas deixou de ser praticado nas maiores cidades do Nepal, continuando a ser praticado com frequência em localidades mais pequenas. Muita gente acha que uma lei é a única coisa necessária para conseguir que algo seja proibido ou acabe, mas esta situação prova-nos o contrário, é preciso muito para que uma prática, ainda por cima uma tão enraizada na cultura como esta, seja completamente extinta. O governo do Nepal fecha completamente os olhos a este tipo de atrocidades e é deplorável que ainda nenhum órgão como a ONU, por exemplo, tenha dado maior exposição a esta tradição (se é que se pode chamar isso se quer) para tentar com que seja feito um apelo maior ao fim disto.
Conclusão
Em suma, discordo totalmente com a prática desta tradição, logo, considero-a errada e desumana, e acho que é algo que merece maior exposição numa tentativa de conseguir com que esta acabe.
Porque escolhi falar sobre este tema?
Escolhi falar sobre a prática do Chaupadi porque foi um trabalho feito em sala de aula e decidi expor a minha opinião acerca desta prática porque, como já deu para perceber, discordo totalmente com a realização da mesma. Também achei que falando deste tema estaria a dar maior exposição à situação, algo que acho muito necessário.
Este trabalho foi realizado em grupo com os alunos: Gonçalo Azevedo, Rânia Sousa e Núria Lopes.
A parte “Chaupadi - correto ou errado?” é de autoria própria.
Data: 04/11/2024